*Por Maria Emilia M. Oliveira
Como podemos nos comunicar de uma forma amorosa, direta e confiável? Como criar um contexto seguro para dar e receber informações de maneira congruente?
Com base no principio de que as pessoas têm valor e o que elas falam também tem valor, Virginia Satir, grande mestra e terapeuta da década de 1960, criou um processo para ajudar todos a se sentirem mais conectados, confiantes, confiáveis e próximos ao se relacionarem. Essencialmente, é um processo de construção da autoestima.
Ajuda diretamente os grupos a melhorar sua comunicação e a sua validação. Assim, os membros do grupo experimentam o seu envolvimento interna e externamente, mudando sua temperatura com eles e entre eles. Esse processo chama-se Leitura de Temperatura.
Seu procedimento é simples e pode ser útil para casais, ou grupos, seja familiar, de empresa, em um curso ou em uma escola.
Surgiu da necessidade de clarear e desintoxicar situações problemáticas, observando como os membros de um grupo se sentam para compartilhar seu tempo juntos.
A Leitura de Temperatura dá a todos uma oportunidade de ter voz quanto a sua satisfação e insatisfação em um contexto leve e de responsabilidade mútua.
Recomenda-se fazer a Leitura de Temperatura por meia hora a cada dia, para que os assuntos chaves emerjam e para que todos se acostumem com o processo.
E quais são os passos da Leitura de Temperatura?
1) Apreciação e Entusiasmo
Ao iniciar uma conversa ou uma reunião de grupo, abrimos com uma rodada de apreciações, partindo de uma frase simples: “Eu quero compartilhar o meu apreço por…”. Elogiar é o primeiro passo, pequenas mensagens de amor, relato de algo que aconteceu e que nos tocou. Conectados com o coração, ultrapassamos nossos medos e a vergonha de nos expor. E, assim, encontramos o que é bonito e forte em cada um, deixando o amor disponível para todos.
Somos pessoas de muitos lados, muitas faces, muitas vozes. Virginia Satir dizia “quero que você fique entusiasmado com a pessoa que você é. Apaixone-se por si mesmo”. E completava: “a minha esperança é que possamos criar realidades lindas e curativas. Toda pessoa é um milagre. E acredito que reconhecer uma competência é sempre saudável”.
Segundo Eva Wieprecht, professora da Formação no modelo Satir de Validação Humana, há uma escola que usa as apreciações como um ritual diário e o desempenho melhorou muito.
2) Novas informações
Este passo é o momento de compartilhar qualquer informação que for relevante para o grupo ou para a pessoa. Por exemplo: horário de inicio e fim dos trabalhos; previsão de intervalos; onde ficam os banheiros; restaurantes mais próximos. Ou: “vou chegar mais tarde após o jantar”; “vou sair mais cedo esta manhã”; ”por favor, chame o técnico para o conserto da máquina; vou ficar com os amigos”; etc. Informações são bem apreciadas quando divididas.
3) Preocupações e ansiedades
Muitas vezes, para não parecermos inadequados, não falamos das nossas preocupações e elas se transformam num monstro que ninguém sabe o que é.
Questões que clareiam problemas começam por “quando”, “o que”, “como”, e “onde”. Por exemplo: “Quando você saiu ontem parecia chateado. Você está bem agora?”.
4) Reclamações com recomendações
Quem colocar um problema ou fazer uma reclamação deve fazê-lo sugerindo possíveis soluções ou recomendações. Assim, eu me torno a serviço da construção da equipe.
Por exemplo: “Eu fico ressentido quando você não me responde ao celular”. “Eu agradeço se você verificar mais vezes se ele está ligado”.
5) Esperanças e desejos
Neste passo, as pessoas são convidadas a compartilhar suas esperanças na vida e, muitas vezes, só o fato de expressá-las já é uma grande ajuda para cada um.
Por exemplo: “Espero que possamos estar mais tempo juntos neste final de semana”. “Eu lidero o processo e vocês lideram o conteúdo”.
A intenção de Virginia Satir sempre foi ajudar as pessoas a terem mais responsabilidades pelas suas próprias preocupações internas e reclamações, através deste processo simples de compartilhamento e retificação e, assim, serem suportes uns para os outros.
Ela verdadeiramente encorajava as pessoas a responder ao outro e comunicar-se de uma maneira congruente. Afinal, para Virginia Satir, “as pessoas têm valor e o que elas falam também tem valor”.
*Maria Emilia M. Oliveira é especialista em Psicologia Transpessoal e Constelação Familiar Sistêmica. Também faz parte do grupo da Formação no Modelo de Validação Humana Virginia Satir (www.virginiasatir.com.br).
Atendimento à imprensa:
Juliana Fernandes – RZT Comunicação
www.rztcomunicacao.com.br
redacao1@rztcomunicacao.com.br
Fones: (11) 5051-8142