Parece ficção, mas não é. Em um dos meus trabalhos de consultoria, presenciei o diálogo abaixo, entre dois sócios de uma empresa familiar, casados e que estavam discutindo o futuro de um filho na organização.
– Você precisa dar oportunidade a ele.
– Mas eu já dei e não deu certo, está na hora dele procurar experiências fora daqui.
– Não, está errado, temos o nosso negócio e ele deve aprender aqui dentro, pois isso tudo será dele.
– Não concordo, ele pode muito bem buscar experiências fora e depois voltar mais maduro para assumir novas responsabilidades, acredito ser o caminho mais acertado.
– Você está sempre contra mim, nunca concorda com o que eu falo, é assim aqui e lá em casa, tudo que eu falo, você contesta, por isso nossa situação está da forma que está.
– Tudo bem…
Já seria a terceira passagem dele na corporação, mesmo com apenas 25 anos. Acredito que dê para imaginar como foram as duas primeiras…
Nas empresas familiares, é de suma importância separar as discussões sobre os negócios do almoço de domingo. Não é fácil, pois muitas vezes as culturas das regiões são muito fortes. Falo isso porque uma empresa familiar no Nordeste é bem diferente de uma no Sul, são culturas muito distintas e isso influencia também na forma de gestão do negócio.
O que vimos acima é um exemplo claro e cotidiano na maioria dos negócios familiares, com uma parte querendo tomar a decisão de forma paternalista e, a outra, de maneira profissional. Como a forma paternalista joga com as emoções, acaba colocando este tipo de conteúdo em cima da mesa, o que esquenta a discussão. Se a outra parte continuar argumentando, pode colocar em risco o lado harmonioso da família e, para não atrapalhar o clima do almoço do domingo, ela, na maioria das vezes, cede às chantagens emocionais do outro “sócio”.
Como, então, ser possível enfrentar essas questões? Criando foros especiais para essas discussões, e o ideal é que esses debates fiquem no foro familiar. O Conselho de Família é um órgão ideal para arbitrar sobre temas como esse.
Um Conselho de Família deve funcionar com um Acordo Familiar que, com regras e procedimentos, consiga contemplar decisões de questões no âmbito das relações familiares, família/empresa e família/propriedade. Com um acordo bem construído, questões como essa não gerariam todo esse apelo emocional, bastaria aplicar a regra acordada.
Amauri Nóbrega é consultor executivo, palestrante, coach, escritor, conselheiro e especialista em estratégia e finanças. Site: www.amaurinobrega.com.br
Sobre Amauri Nóbrega
É consultor executivo, palestrante, coach, escritor, conselheiro e especialista em estratégia e finanças. Atua há mais de 20 anos na área de tecnologia e desenvolvimento do Capital Humano. É um palestrante bem requisitado nas áreas de Estratégia, Mudança e Desenvolvimento Organizacional, Gestão de Pessoas, Liderança, Finanças, Projetos e Governança Corporativa e Familiar. Possui amplo conhecimento de metodologia como OBZ, BSC e turnaround.
Sócio fundador da “Cinco Global”, empresa especializada em projetos de consultoria em Gestão Estratégica, é também bacharel em Administração de Empresas com especialização em Marketing e MBA em Controladoria e Finanças Empresarial.
Site: www.amaurinobrega.com.br
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